Um recente estudo feito pela Nasa, (agência espacial dos Estados Unidos), ganhou destaque na mídia brasileira ao alertar que o Brasil poderia se tornar inabitável em 50 anos, devido às altas temperaturas extremas causadas pelas mudanças climáticas.
Conduzida pelo cientista Colin Raymond, a pesquisa foi divulgada em 2020 na renomada revista científica Science Advances. Embora o estudo original não mencione o Brasil, em março de 2022, um blog da Nasa compartilhou novamente a pesquisa de Colin, que é funcionário da agência especial. O post do blog destaca o Brasil como uma das regiões suscetíveis aos efeitos mortais do calor.
As altas temperaturas são responsáveis pela maioria das catástrofes e representam uma das principais manifestações das mudanças climáticas. Diante disso, é fácil prever o pior cenário possível. Contudo, neste mês, projeções da agência espacial americana Nasa apontam que determinadas regiões do planeta podem se tornar impróprias para a vida humana em 50 anos devido ao calor extremo.
Índice
Qual é a temperatura do bulbo úmido?
Segundo um estudo baseado na pesquisa anterior sobre o surgimento de calor e umidade muito severos para a tolerância humana, realizado por Colin Raymond, do Laboratório de Propulsão a Jato da NASA em 2020, é possível concluir que o aumento das temperaturas globais e da umidade pode levar diversas áreas a ultrapassarem os 35 ºC de temperatura do bulbo úmido, mas por que isso é perigoso?
O bulbo úmido é um termômetro que faz relação entre o calor e a umidade, e também serve como medidor do “estresse térmico”. A partir de uma certa temperatura do ar, é necessário que nossa temperatura interna seja regulada eliminando o calor através da transpiração. Mas, para que isso ocorra o suor precisa evaporar e se o ambiente estiver muito úmido, a evaporação será impossibilitada.
Ou seja, quanto mais alta estiver a temperatura do bulbo úmido menos as pessoas conseguirão se resfriar e segundo alguns estudos isso pode desencadear uma desidratação e afetar os órgãos, principalmente o coração. São os resultados do que chamamos de “estresse térmico” que podem levar à morte.
Qual a relação do Brasil com o bulbo úmido?
A pesquisa inicial do ano de 2020 faz o aprofundamento sobre qual o limite fisiológico das pessoas quando expostas a temperaturas de bulbo úmido de 35°. Neste estudo, o Brasil não foi citado diretamente, mas de maneira geral as conclusões apontam que várias regiões podem chegar a exceder esse limite de menos 2,5 °C de aquecimento global.
Já no artigo publicado pela Nasa o Brasil é apontado: “As áreas mais vulneráveis [com relação ao limite do bulbo úmido nos próximos anos] incluem o sul da Ásia, o Golfo Pérsico e o Mar Vermelho por volta de 2050; e o leste da China, partes do sudeste da Ásia e o Brasil até 2070”.
Para os especialistas em Climatologia, este fato de que o Brasil possa vir a ultrapassar os 35 °C de temperatura de bulbo úmido durante as próximas décadas não significa que o país todo se tornará inabitável, e nem que tais eventos acontecerão durante todo o ano.
O estudo explora cenários abertos, fundamentados em experiências e observações. Por isso, mesmo diante do aumento de eventos extremos no mundo e da evolução da temperatura média global, é importante agir com cautela ao estabelecer datas.
No último domingo, 21 de julho, por exemplo, o planeta teve o dia mais quente considerado na história recente. De acordo com os dados do C3S (Serviço de Mudança Climática Copernicus), a média global diária bateu o recorde de 17,09 °C superando os 17,08 °C que foram registrados no dia 6 de julho de 2023.
É possível reverter este cenário?
Em tese sim, segundo estudos o aumento da temperatura média na Terra é causado pelas atividades humanas que geram emissões de gases do efeito estufa, principalmente pela queima de combustíveis fósseis. A estabilização do aquecimento global só será possível quando chegarmos a zero emissões líquidas de CO2.
Portanto, de acordo com pesquisas, há diversas possibilidades em relação ao grau de aquecimento global que enfrentaremos. O cenário futuro dependerá da rapidez das ações globais, como priorizar o cumprimento das metas estabelecidas no Acordo de Paris.
O Acordo de Paris é um compromisso global para lidar com as mudanças climáticas e estabelecer objetivos para diminuir a emissão de gases de efeito estufa. Para que o acordo pudesse ser implementado, era necessário que países responsáveis por cerca de 55% das emissões de gases estufa ratificarem. Em 12 de dezembro de 2015, após diversas negociações, o acordo foi assinado e entrou em vigor em 4 de novembro de 2016. Até 2017, 195 nações haviam assinado o acordo, sendo que 147 delas ratificaram.
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Conclusão
A pesquisa realizada pela Nasa ressalta a urgência de ações imediatas diante das mudanças climáticas, não só no Brasil, mas em todo o mundo. É fundamental preservar nossos recursos naturais e adotar práticas sustentáveis para assegurar um futuro habitável para as próximas gerações.