Os sistemas de armazenamento de energia são a chave para tornar a geração de energia renovável mais estável e reduzir os custos com a implantação de linhas de transmissão. Este foi o ponto central da palestra “Limitação de escoamentos do NE pro Sul e Sudeste”, apresentada por José Marangon, presidente da Marangon Consultoria & Engenharia, durante a 3ª edição do Canal Conecta, na Faculdade Pernambucana de Saúde, em Recife (PE).
A palestra começou com uma análise do apagão de 15 de agosto de 2023, causado por falhas em equipamentos de parques eólicos e solares no Nordeste, que resultou na perda de 22,5 GW e deixou 29 milhões de brasileiros sem energia. Desde então, o Operador Nacional do Sistema (ONS) elevou os critérios técnicos para o transporte de energia renovável, reduzindo a margem de escoamento do Norte e Nordeste para o Sul e Sudeste/Centro-Oeste.
Marangon destacou que a ampliação do sistema de transmissão, especialmente com a implantação do bipolo de Graça Aranha (MA) até Silvânia (GO), aumentará a capacidade de escoamento em 5 GW, elevando a exportação de energia do Nordeste de 17 GW para 23 GW.
Uma solução promissora para reduzir investimentos em linhas de transmissão e aumentar a geração renovável são os sistemas de armazenamento de energia (BESS – Battery Energy Storage System). “O armazenamento pode proporcionar novos serviços devido à intermitência das fontes eólica e solar”, explicou Marangon. O governo está considerando, pela primeira vez, a inclusão do BESS no próximo Leilão de Reserva de Capacidade, agendado para 30 de agosto, embora ainda não esteja decidido.
Marangon mencionou que tanto o ONS quanto a Empresa de Pesquisa Energética (EPE) não têm objeções à introdução dessa tecnologia, apesar da resistência do Ministério de Minas e Energia (MME), que aponta a falta de regulamentação como um obstáculo. “Não dá para regulamentar uma tecnologia em gestação sem testes adequados“, afirmou.
Segundo Marangon, não adotar essa tecnologia prejudica os consumidores, já que as baterias podem reduzir a necessidade de contratação de termelétricas e a expansão do sistema de transmissão.
