No sertão da Paraíba, onde o vento constante impulsiona o crescimento de parques eólicos e solares, surge uma resistência inesperada. Famílias quilombolas, como as de Zuíla Santos, 53, do Quilombo da Pitombeira, enfrentam dificuldades diárias causadas pela instalação desses empreendimentos energéticos. As explosões para a construção dos parques racharam casas, danificaram cisternas e forçaram animais selvagens a invadir as comunidades.
“É como na época da colonização”, compara Zuíla, destacando a sensação de perda que a comunidade sente diante dos “presentes” oferecidos pelas empresas.
Apesar de estarem fora das áreas diretas dos parques eólicos e solares, os quilombos da região sofrem com as mudanças drásticas na paisagem e no ambiente. O vento, tão desejado pelas empresas, se tornou um símbolo da luta por manter o modo de vida tradicional. As empresas, por sua vez, afirmam desconhecer as queixas e dizem seguir protocolos éticos e de governança.
Ainda assim, a resistência cresce. Em reuniões organizadas por sindicatos e associações, líderes comunitários e ativistas buscam alternativas ao modelo centralizado de produção de energia, defendendo que a energia gerada no sertão beneficie diretamente as comunidades locais.
A luta dessas comunidades não é apenas contra as grandes corporações de energia, mas também por um futuro onde possam preservar suas terras e tradições, sem sofrer os impactos negativos do progresso tecnológico.