Após o recente apagão que deixou milhões de paulistas sem luz, a Enel se posicionou contra os subsídios destinados à energia solar no Brasil. O presidente da empresa, Guilherme Lencastre, sugeriu que parte desses incentivos seja redirecionada para fortalecer a rede elétrica e prevenir futuros colapsos. Para Lencastre, os subsídios já não se justificam e acabam pesando nas contas de luz dos consumidores que não possuem painéis solares.
A proposta foi endossada pela Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica (Abradee). Marcos Madureira, presidente da entidade, argumentou que o custo dos incentivos é repassado aos clientes que não utilizam energia solar, e defendeu que todos devem pagar pelo uso do sistema elétrico.
Entretanto, o setor de energia solar rebateu as críticas. Rodrigo Sauaia, presidente da Absolar, classificou a proposta da Enel como uma tentativa de desviar a atenção do apagão. Segundo ele, os benefícios da energia solar são inegáveis, como a redução no uso de termelétricas e a economia de água. Além disso, um estudo aponta que a geração distribuída pode economizar R$ 84,9 bilhões para os consumidores até 2031.
O debate sobre os subsídios aqueceu, com a Absolar ressaltando que outras fontes de energia já foram mais beneficiadas ao longo dos anos. O setor defende que os incentivos são cruciais para o crescimento das renováveis no Brasil, enquanto a Enel e a Abradee veem a necessidade de reavaliar as políticas para garantir a equidade nas tarifas.