O crescimento acelerado da demanda global por eletricidade, impulsionado por avanços tecnológicos como a inteligência artificial, levanta dúvidas sobre a capacidade das fontes tradicionais de suprirem esse consumo crescente. No entanto, uma alternativa promissora pode estar nas profundezas dos oceanos.
Cobrindo mais de 70% da superfície do planeta, os oceanos possuem um enorme potencial para a geração de energia limpa a partir de recursos renováveis, como correntes marinhas e ondas. Embora essa tecnologia ainda esteja em fase inicial quando comparada à solar e à eólica, um estudo recente trouxe novos insights sobre seu potencial e viabilidade.
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Estudo revela locais ideais para captar energia oceânica
Pesquisadores da Florida Atlantic University, nos Estados Unidos, realizaram a mais ampla avaliação global baseada em dados reais sobre a energia das correntes oceânicas. O estudo, publicado na revista Renewable Energy, analisou a captura de energia cinética dos oceanos, avaliando a densidade de potência e sua variação ao longo do tempo e do espaço.
Utilizando mais de 43 milhões de pontos de dados coletados entre março de 1988 e setembro de 2021, os cientistas identificaram que as águas da costa leste da Flórida e da África do Sul possuem consistentemente altas densidades de energia, tornando-as ideais para a geração elétrica a partir das correntes oceânicas.
Especificamente, essas regiões apresentaram densidades de potência acima de 2.500 watts por metro quadrado — um valor 2,5 vezes superior ao de um excelente recurso de energia eólica. Além disso, a profundidade relativamente rasa dessas áreas, cerca de 300 metros, favorece a instalação de turbinas para a captação da energia oceânica.
Em contrapartida, outras regiões como o Japão e partes da América do Sul não apresentaram densidades de potência tão elevadas nessas profundidades, reduzindo seu potencial para esse tipo de geração energética.
Desafios e perspectivas para o futuro
Outro achado relevante do estudo foi a confiabilidade das estimativas sobre o potencial energético dos oceanos. Na América do Norte e no Japão, os cálculos demonstraram alta precisão, aumentando a confiança na viabilidade desses projetos. No entanto, áreas como a África do Sul e regiões do norte do Brasil e Guiana Francesa apresentaram maior variabilidade nos dados, tornando a avaliação mais desafiadora.
Apesar dos desafios, o avanço desse tipo de estudo reforça o potencial da energia oceânica como uma alternativa sustentável e abundante para atender à crescente demanda global por eletricidade. À medida que novas tecnologias são desenvolvidas e locais ideais são mapeados, os oceanos podem se tornar uma peça-chave na matriz energética do futuro. Assim, ajudando a reduzir a dependência de combustíveis fósseis e acelerando a transição para um mundo mais sustentável.