O investimento global em tecnologias e infraestrutura de energias renováveis está prestes a alcançar um marco histórico de US$ 2 trilhões este ano, superando em duas vezes os recursos destinados aos combustíveis fósseis, conforme revela o relatório da Agência Internacional de Energia (IEA). No entanto, o relatório também destaca que os países ainda estão distantes de atingir a meta de triplicar a capacidade de energia renovável acordada na cúpula climática COP28 do ano passado.
De acordo com o relatório “World Energy Investment 2024”, o investimento total em energia deverá ultrapassar US$ 3 trilhões pela primeira vez, com aproximadamente dois terços desse montante destinados a tecnologias limpas. Isso inclui renováveis, veículos elétricos, energia nuclear, redes, armazenamento, combustíveis de baixa emissão, melhorias de eficiência e bombas de calor.
Apesar do aumento significativo no investimento em energia limpa, a IEA identifica “desequilíbrios e deficiências significativas”, especialmente em países em desenvolvimento, que recebem apenas 15% do total global. Fatih Birol, diretor executivo da IEA, ressalta a necessidade urgente de direcionar mais investimentos para essas regiões, onde o acesso a energia acessível, sustentável e segura ainda é limitado.
A China lidera os investimentos em energia limpa, com US$ 675 bilhões, seguida pela União Europeia com US$ 370 bilhões e pelos Estados Unidos com US$ 315 bilhões. Em contraste, o investimento global em exploração e extração de petróleo e gás aumentará 7%, atingindo US$ 570 bilhões, com o crescimento concentrado em empresas estatais de combustíveis fósseis no Oriente Médio e na Ásia.
O relatório sugere que, embora o investimento em petróleo e gás esteja alinhado com os níveis de demanda esperados para 2030, ele é significativamente superior aos níveis necessários para alcançar as metas climáticas nacionais ou globais. Em 2023, as empresas de petróleo e gás destinaram apenas US$ 30 bilhões para energia limpa, representando 4% de seus gastos totais de capital.
As Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) revelam uma lacuna preocupante entre as ações atuais dos países em termos de implantação de energia renovável e as promessas feitas até agora. Para alcançar a meta de 11.000 GW de capacidade instalada global de renováveis até 2030, os países precisarão integrar seus planos domésticos nas novas NDCs, previstas para o próximo ano.
Mesmo com desafios à frente, o avanço no investimento em energia limpa marca um passo significativo na direção certa, mostrando um compromisso global crescente com a sustentabilidade e a mitigação das mudanças climáticas.