A pesquisa conduzida pela pesquisadora Gozden Torun, da Escola Politécnica Federal de Lausanne (EPFL), na Suíça, trouxe uma descoberta surpreendente no campo das células solares utilizando vidro à base de telurito (TeO2).
Inicialmente, o objetivo era criar uma interface entre o dióxido de telúrio (TeO2) e o telúrio puro para formar canais condutores para as cargas elétricas. No entanto, ao aplicar pulsos intensos de laser sobre o material, visando refazer sua cristalização, a pesquisadora obteve um resultado inesperado e altamente interessante.
Os pulsos do laser de femtossegundos induziram a formação de cristais de telúrio e dióxido de telúrio em nanoescala, ambos materiais semicondutores. À medida que o laser percorre o material, ele cria uma trilha desses cristais no meio do vidro.
O mais fascinante é que os materiais semicondutores expostos à luz são capazes de gerar eletricidade, como é o caso das células solares de silício. Assim, a técnica desenvolvida pela pesquisadora representa uma forma inovadora de construir células solares incorporadas no vidro, sem a necessidade de adição de outros materiais, como é comum no caso do silício.
Por exemplo, ao criar um padrão de linha simples na superfície de um vidro de telurito, Torun descobriu que o material é capaz de gerar uma corrente quando exposto à luz UV e ao espectro visível, mantendo essa capacidade de geração de eletricidade de forma estável por meses.
Essa descoberta abre caminho para possíveis aplicações revolucionárias, como janelas transparentes de vidro que geram eletricidade automaticamente. O professor Yves Bellouard ressalta a importância da pesquisa, comparando-a à transformação de materiais na busca pelo sonho dos alquimistas, onde o vidro é essencialmente transformado em um semicondutor usando luz.