O Plano Brasileiro de Inteligência Artificial, apresentado ao presidente Lula (PT) nesta terça-feira (30/07), prioriza a previsão de eventos climáticos extremos e o desenvolvimento de energia renovável. Motivado pelo impacto das fortes chuvas que afetaram 2,4 milhões de pessoas no Rio Grande do Sul e resultaram em 182 mortes, o plano visa transformar a vida dos brasileiros com inovações sustentáveis e inclusivas baseadas em IA.
Uma das principais propostas é o Sistema Inteligente de Previsão de Extremos Climáticos (Sipec), que contará com um investimento de R$ 15 milhões para prever eventos climáticos com alta confiabilidade até 12 meses de antecedência. Natalie Unterstell, especialista do Instituto Talanoa, destacou que esta é uma iniciativa inédita no Brasil, porém, reforçou a necessidade de evolução nos métodos de previsão e a importância de dados de qualidade.
Outra proposta é a implementação de infraestrutura energética renovável, com um investimento de R$ 500 milhões para 42 projetos ao longo de cinco anos, visando atender à alta demanda energética da IA e promover o uso sustentável dos recursos brasileiros. Solano de Camargo, da OAB-SP, sublinhou que essa união de inovação tecnológica com objetivos de desenvolvimento sustentável é crucial para o país.
O plano também responde às preocupações de grandes empresas de tecnologia, que temem uma regulamentação rígida da IA. Com um orçamento de R$ 13,79 bilhões, o programa apoia a inovação empresarial, aceleração de startups e retenção de talentos no setor de IA.
Rafael Lucchesi, da CNI, entregou pessoalmente a proposta ao presidente Lula, acompanhado pela ministra da Ciência, Tecnologia e Inovações, Luciana Santos, e pela presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader. A ministra destacou a importância da ciência para enfrentar os grandes desafios contemporâneos.
O plano também pode influenciar a criação do Marco Regulatório da IA no Senado, onde o PL 2.338/23, de autoria do presidente do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG), está em avaliação. O projeto, que enfrenta pressões políticas e empresariais, já foi postergado três vezes, mas o plano de IA prevê um orçamento de R$ 40,5 milhões para apoiar o aperfeiçoamento desse marco regulatório.