A seca que assola o Brasil e o aumento da demanda por energia elétrica dispararam os preços no mercado livre de energia em setembro, com uma elevação superior a 90% em relação a agosto, segundo dados do Balcão Brasileiro de Comercialização de Energia (BBCE).
A incerteza quanto ao regime de chuvas, durante a transição para o período chuvoso, fez com que a negociação de contratos de energia batesse recorde no ano, somando R$ 72,2 bilhões de janeiro a setembro.
A plataforma da BBCE, que lidera o mercado de contratos de energia no país, registrou 41,9 mil gigawatts-hora (GWh) negociados em setembro, um crescimento de 65,4% em comparação ao mesmo mês do ano anterior, quando o cenário hidrológico era mais favorável. Destaque para os contratos de energia com vencimento neste ano, que dispararam nos últimos meses.
Um exemplo é o contrato para entrega no submercado Sudeste/Centro-Oeste entre outubro e dezembro, que saltou 93,6%, indo de R$ 229,91 MWh em agosto para R$ 445 MWh no fechamento de setembro. Em alguns casos, como o ativo para outubro na mesma região, os preços chegaram a R$ 630 MWh, o maior valor registrado na última década.
Com a escalada dos preços, o volume de negociações na BBCE em setembro chegou a R$ 11,3 bilhões, um aumento de 423,6% em comparação ao mesmo mês de 2023. Eduardo Rossetti, diretor da BBCE, destaca que o mercado se aqueceu desde o início de 2024, impulsionado pela frustração com as chuvas do início do ano, mas a seca atual tem agravado a situação, sobretudo no Norte do país, exigindo mais acionamento de termelétricas e elevando os custos para os consumidores.
Rossetti projeta que a volatilidade no mercado livre continuará em outubro, já que as previsões apontam para chuvas abaixo da média histórica. Contudo, ele alerta que um período de chuvas intensas pode reverter esse cenário.
A BBCE também se destaca pelo aumento no número de contratos de longo prazo, com negócios sendo fechados até 2034, refletindo a busca dos consumidores por estabilidade em um mercado cada vez mais volátil.
