Segundo o Ministério de Minas e Energia, a companhia Âmbar, – braço de energia da J&F Investimentos, do empresário Joesley Batista – foi autorizada pelo governo federal a importar 120 MWh (megawatt-hora) por ano da Venezuela. Essa energia deve acarretar uma economia de R$ 1 bilhão aos consumidores brasileiros. Isso porque a eletricidade da Venezuela substituirá, pela metade do preço, a energia produzida por térmicas de óleo diesel que abastecem grande parte de Roraima, o único Estado não conectado ao SIN (Sistema Interligado Nacional).
As térmicas utilizadas para abastecer Roraima comercializam energia a cerca de R$ 1.700 por MWh. Ao todo, 51 usinas a diesel operam no Estado.
Apesar do grande valor de economia, o acordo foi criticado por não ser equivalente ao anterior, que firmava a compra de energia da hidrelétrica de Guri a menos de R$ 140 por MWh. O antigo foi costurado pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), iniciado em 2001 e tinha validade de 20 anos. Contudo, o contrato foi encerrado em 2019 pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), depois de uma série de apagões na Venezuela.
Esse acordo foi negociado entre os governos dos 2 países, enquanto o novo contrato de compra da usina venezuelana é de responsabilidade da Âmbar, a partir de uma autorização do CMSE (Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico) concedida no final de novembro.
Não há obrigação para o Brasil comprar essa energia importada e a Âmbar não detém o monopólio das importações de energia de Guri. Outras empresas podem se licenciar para importar a preços mais competitivos do que as térmicas. Segundo a Âmbar, o fornecimento de eletricidade venezuelana a Roraima deve ser iniciado nas próximas semanas.
O retorno da compra de energia elétrica da Venezuela era um desejo antigo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em maio, o governo federal informou que estava estudando possibilidades. Apesar de destacar em diversas oportunidades a necessidade de integrar a rede elétrica dos 2 países, em nenhum momento foi manifestado o desejo de costurar um acordo longo. Isso porque o governo planeja integrar Roraima ao SIN até 2025.
Em agosto, Lula assinou a ordem de serviço para início das obras da linha de transmissão que conectará Roraima ao SIN. Depois de concluída, a linha ligará o Estado à usina de Tucuruí, no Pará.