O Brasil está prestes a assumir uma posição de destaque no cenário mundial, com potencial para se tornar líder global na produção de ferro e aço verde, graças às suas abundantes fontes de energias renováveis. Dados do Global Energy Monitor (GEM) revelam que o país já ocupa o segundo lugar mundial em capacidade de bioenergia e hidrelétrica, além de estar entre os dez primeiros em energia solar e eólica em grande escala.
Com a crescente demanda por hidrogênio verde, essencial para a produção de ferro com baixas emissões, o Brasil pode alavancar suas vastas opções de energias renováveis para desenvolver uma indústria de ferro e aço mais sustentável. Essa transformação é vista como uma oportunidade de reduzir as emissões da siderurgia nacional, ao mesmo tempo em que fortalece sua posição no mercado internacional.
O hidrogênio verde, produzido a partir de energia limpa, é uma peça-chave na produção de ferro reduzido direto (DRI), um processo de baixo carbono. O Brasil, que lançou um programa nacional de hidrogênio em 2021 e sancionou um marco regulatório para sua produção em 2024, está avançando para se tornar um protagonista na oferta global dessa tecnologia.
Além de ser um dos maiores produtores de minério de ferro de alta qualidade, o país está investindo em infraestrutura para expandir sua capacidade de geração e transmissão de energia, principalmente entre o Nordeste e o Sudeste industrial. Isso inclui novos contratos para quase 4.500 km de linhas de transmissão, essenciais para conectar as regiões de maior potencial eólico e solar ao polo industrial.
No entanto, a jornada para a descarbonização completa da indústria siderúrgica ainda enfrenta desafios, como a dependência de fornos a carvão e o fornecimento limitado de sucata para fornos elétricos. Mesmo com iniciativas que utilizam biocarvão como alternativa, a substituição do carvão ainda não é suficiente para eliminar completamente sua dependência.
O Fórum Econômico Mundial alerta que, sem ações proativas, as emissões da siderurgia brasileira podem aumentar significativamente até 2050. Para evitar esse cenário e alcançar seu potencial total, o Brasil precisará implementar políticas ambiciosas e buscar colaborações internacionais que impulsionem a demanda por ferro e aço verde.