Nesta semana, uma falha no sistema elétrico deixou mais de 50 milhões de pessoas sem luz na Espanha e em Portugal. A Red Eléctrica de España (REE), operadora da rede, descartou ciberataques e mau tempo como causas do blecaute. O colapso foi atribuído a desconexões consecutivas de usinas solares no sudoeste espanhol, que, em poucos segundos, derrubaram cerca de 15 GW da geração nacional. No momento do apagão, 70% da energia do país vinha da fonte solar.
Assim, relatórios recentes da própria REE já alertavam: o avanço descontrolado das renováveis, combinado ao fechamento de térmicas e nucleares, está comprometendo a estabilidade da rede. E o que parecia teoria se tornou realidade em poucos minutos, paralisando cidades, metrôs e comunicações.
O Brasil também está na mira.
Assim, segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), nove estados brasileiros, incluindo Minas Gerais, Bahia e Rio Grande do Sul, podem enfrentar problemas semelhantes nos próximos cinco anos. A causa? O rápido crescimento da geração distribuída — especialmente os painéis solares em casas e empresas — pode provocar o chamado “fluxo reverso”, sobrecarregando a rede de transmissão.
O alerta vem reforçado pela lembrança do apagão de 2023, quando falhas em usinas solares e eólicas afetaram milhões de brasileiros. Assim, apesar do ONS afirmar que não há risco iminente de apagão no curto prazo, o próprio órgão admite a necessidade de reforçar as subestações e atualizar o planejamento da operação elétrica.
A transição energética é inevitável, mas o apagão europeu mostrou que sem uma rede preparada, o futuro renovável pode ser mais instável do que se imagina.