“Por muito tempo nós sofremos com os enlatados, hoje vamos oferecer merenda de qualidade para os nossos alunos porque temos onde armazenar alimentos.”
Comemora Renata Gondim, gestora da Escola Municipal Nossa Senhora de Fátima, que por anos funcionou sem energia elétrica, tornando impossível o armazenamento de alimentos frescos.
A comunidade indígena Anã, localizada na Reserva Extrativista Tapajós Arapiuns, às margens do rio Tapajós (Pará), tem 88 famílias e cerca de 440 pessoas. Antes da chegada da energia solar, em 2022, a escola fazia parte das estatísticas do Instituto de Energia e Meio Ambiente (Iema).
Ali havia apenas um gerador movido a diesel, que funcionava esporadicamente, não garantindo acesso seguro à energia. Por isso os alimentos enlatados tinham mais espaço na merenda escolar.
O projeto que levou energia solar à escola é desenvolvido pela ONG Saúde e Alegria, que trabalha com desenvolvimento sustentável em territórios indígenas e comunidades tradicionais do oeste do Pará.
Desde 1999, ano em que os sistemas solares passaram a ser implementados, foram instalados 127 sistemas do tipo off grid, que capta a energia por meio dos painéis e direciona para as baterias por meio de um controlador. Outro equipamento, o inversor, transforma e transporta essa energia.
Além de tudo, sem o acesso a energia elétrica, muitas pessoas precisavam se deslocar por horas, dias para os centros urbanos para ter acesso à serviços básicos de saúde. Com a instalação dos sistemas solares, esses serviços essenciais puderam passar a ser oferecidos dentro das próprias aldeias e comunidades ribeirinhas. Essa energia, agora abastece 55 residências, 40 sistemas de bombeamento de água, 14 pontos de acesso à internet, oito unidades básicas de saúde, cinco empreendimentos da economia comunitária e quatro escolas.
O acesso à água potável também tem sido mais possível: os sistemas de energia solar têm possibilitado o bombeamento de água de igarapés e outras fontes hídricas livres de contaminação.