Em uma instalação ultrassecreta no Tennessee, os Estados Unidos estão transformando o inimaginável em realidade: antigas ogivas nucleares estão sendo recicladas para gerar energia elétrica. Dentro das mesmas instalações que enriqueceram urânio para a primeira bomba atômica, durante o Projeto Manhattan, agora trabalhadores derretem o urânio das armas para criar um novo tipo de combustível. Esse material vai alimentar os reatores nucleares avançados da próxima geração no país.
Esses reatores, menores e mais eficientes, podem ser construídos com muito menos custo e espaço do que as antigas usinas nucleares. A grande sacada? Eles precisam de um urânio mais enriquecido e com maior densidade energética, o HALEU – urânio de baixo enriquecimento de alto teor. Até pouco tempo, os EUA dependiam fortemente da Rússia para obter esse combustível, mas com a guerra na Ucrânia, isso mudou.
Agora, os EUA estão correndo para produzir seu próprio HALEU. Além de reciclar o urânio de ogivas nucleares, o governo federal vai investir bilhões para impulsionar a produção interna de combustível, enquanto cientistas vasculham laboratórios e reatores em busca de material adequado.
Entretanto, a quantidade de HALEU que pode ser obtida das armas nucleares não é suficiente para atender à crescente demanda. Empresas como a TerraPower, apoiada por Bill Gates, aguardam ansiosamente o combustível para seus projetos de reatores. Com a energia nuclear fornecendo 20% da eletricidade dos EUA, aumentar essa fatia tornou-se uma prioridade para garantir energia limpa e estável no futuro.
A indústria acredita que esses novos reatores, movidos a HALEU, poderão gerar mais energia em espaços menores, tornando a produção de eletricidade mais eficiente e econômica. A corrida está lançada, e a reciclagem de ogivas nucleares é apenas o primeiro passo.