Um levantamento recente da empresa de meteorologia Tempo OK revelou que, em agosto, a irradiação solar caiu até 20% em várias regiões do Brasil devido ao aumento das queimadas. Os estados mais afetados foram Rondônia, Acre, Amazonas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que, juntos, concentram aproximadamente 2,5 GW em sistemas de geração solar fotovoltaica.
Jorge Rosas, especialista em transferência radiativa da Tempo OK, destacou que a principal causa dessa queda foi a alta concentração de partículas em suspensão na atmosfera — conhecidas como aerossóis. “É como se uma nuvem densa e constante estivesse presente sobre as áreas atingidas durante todo o mês”, explicou o meteorologista, reforçando o impacto desse fenômeno na captação de energia solar.
A maior queda de irradiação foi observada nas regiões Norte e Centro-Oeste, devido ao intenso acúmulo de material particulado na atmosfera, gerado pelas queimadas. No Rio Grande do Sul, no entanto, a diminuição na irradiação solar foi causada tanto pela variação de nebulosidade ao longo do mês quanto pela chegada de aerossóis transportados pelos ventos das queimadas mais ao norte.
Por outro lado, no leste da Bahia, a redução foi menos influenciada por esses fatores atmosféricos e se deu principalmente pela maior cobertura de nuvens durante agosto.
Esses estados geralmente apresentam uma climatologia de irradiação solar variando entre 5,5 e 6,0 kWh/m² por dia (como em Rondônia, Acre, sul do Amazonas e oeste de Mato Grosso) e entre 4,5 e 5,5 kWh/m² por dia em algumas áreas, tornando o impacto das queimadas ainda mais significativo para a geração fotovoltaica. A situação evidencia um desafio adicional para o setor de energia renovável em períodos críticos de queimadas, que coincidem com a seca e o aumento das queimadas na Amazônia e no Cerrado.
O fenômeno acende um alerta para a necessidade de controle ambiental mais rigoroso, a fim de preservar a capacidade produtiva dos sistemas solares, especialmente em regiões que dependem dessa fonte para gerar energia de forma limpa e sustentável.